quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O vinho nos tempos do Novo Testamento - Parte 1. O cristão não pode beber bebidas alcóolicas!


Referência às Bodas de Caná da Galiléia em João 2.

Alguns acreditam que, tanto o vinho fornecido neste casamento como o vinho feito por Jesus, eram embriagantes se consumidos em grande quantidade. Se aceita esta tese, as implicações disto, dadas a seguir, devem ser reconhecidas e também aceitas:

1) Primeiro: os convidados do casamento provavelmente estariam bêbados.
2) Segundo: Maria, mãe de Jesus, estaria lastimando a falta de bebida embriagante e estaria pedindo que Jesus fornecesse aos convidados, já embriagados, mais vinho fermentado.
3) Terceiro: Jesus estaria produzindo, a fim de atender à vontade de sua mãe, de 600 a 900 litros de vinho embriagante mais do que suficiente para manter todos os convidados totalmente bêbados.
4) Quarto: Jesus estaria produzindo esse vinho embriagante como seu primeiríssimo “milagre” a fim de manifestar “a sua glória” e de levar as pessoas a crerem Nele como o Filho justo e santo de Deus.

Não é possível evitar as implicações supras da tese em questão. Alegar que Jesus produziu e usou vinho alcoólico, não somente ultrapassa os limites das normas exegéticas, como também nos leva a um conflito com os princípios morais embutidos no contexto geral do ensino da Escritura. Fica claro que, à luz da natureza de Deus, da justiça de Cristo, da sua amorável solicitude pela humanidade, do bom caráter de Maria, as implicações da posição de que o vinho de Caná estava fermentado são blasfemas. Não se pode adotar uma interpretação que envolvia tais informações e contradições. A única explicação plausível e crível é que o vinho produzido por Jesus, a fim de manifestar a sua glória, era o suco puro e não embriagante de uva. Além disso, “o vinho inferior”, inicialmente fornecido pela pessoa encarregada das bodas, também com toda probabilidade não era inebriante.

De conformidade com vários escritores antigos, o vinho “bom” era o vinho mais doce, vinho este que podia ser bebido livremente e em grandes quantidades sem causar danos (isto é, vinho cujo conteúdo de açúcar não fora destruído através da fermentação). O vinho “inferior” era aquele que fora diluído com muita água.

1) O escritor romano Plínio afirma expressamente que o “vinho bom”, chamado Sapa, não era fermentado. Sapa era suco de uva fervido até diminuir um terço do seu volume a fim de aumentar seu sabor doce (ver em Plínio, História Natural, XIV.23-24). Ele escreve em outro trecho que “os vinhos são mais benéficos quando toda a sua potência é removida através do coador”. Plínio, Plutarco e Horácio sugerem que o melhor vinho era o do tipo “inofensivo”.
2) Os documentos rabínicos afirmam que alguns rabinos recomendavam o vinho fervido. O Mishna dos judeus diz: “O rabino Yehuda permite-o (o vinho fervido com oferta alçada), porque a fervura o melhora”.
3) É notável que o adjetivo grego traduzido “bom”, não seja agathos, mas kalos, que significa “moralmente excelente ou apropriado”.

A expressão, “bebido bem” em João 2.10, provém da palavra grega methusko, que tem dois significados: 1) estar ou ficar bêbado, e 2) estar farto ou satisfeito (sem referencia a embriagues). Aqui devemos entender methusko como o segundo destes dois significados. Seja como for traduzido este texto, ele não pode ser usado em defesa da tese de que nessa festa de casamento foi bebido vinho fermentado. Neste texto, o mestre-sala simplesmente cita um princípio geral, próprio de qualquer festa de casamento, sem considerar o tipo de bebida que foi então servido. Não devemos, de moda algum, dar a entender que Jesus participou de uma festa de bebedeiras, nem que contribuiu para isso.

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